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O verde da Zona Leste

O Parque do Carmo, o maior parque da cidade de São Paulo e um dos maiores da região metropolitana, é até hoje ignorado por muitos paulistanos que desconhecem um universo paralelo chamado Zona Leste. No meu caso, que moro a poucas quadras do lugar (aproximadamente 20 minutos a pé), ir ao Parque do Carmo sempre foi uma obrigação moral quando criança. Afinal, que combinação poderia ser mais perfeita do que balanços, gangorras, trilhas e cachorro-quente?

Vista para o lago, aonde nadam cisnes e patos

A história da região se funde com a do parque, que originalmente  foi uma fazenda do século XIX. Hoje, o bosque conta com aproximadamente 6 mil árvores, e além de estacionamento, anfiteatro natural, aparelhos de ginástica (barras), campos de futebol, ciclovia, pista para correr, playgrounds, quiosques e churrasqueiras.

Para os amantes da natureza, o parque oferece ainda contato com a rica fauna da Mata Atlântica, entre mergulhões, pica-paus, andorinhas e sabiás, além de mamíferos como gambás, preguiça-de-três-dedos, macacos e veados-catingueiros. Por outro lado, a mata ciliar, eucaliptal e brejos são parte da flora do Parque do Carmo, que apresenta ainda um cafezal, um pomar e o famoso bosque de cerejeiras, celebrado até hoje pela comunidade nipônica que vive na região de Itaquera.

Vista das Cerejeiras, no Parque do Carmo - Zona Leste

Na tradicional Festa das Cerejeiras, as pessoas praticam um ritual conhecido como “hanami”, que implica em sentar sob as cerejeiras e contemplá-las durante um bom período. O evento é realizado através da Federação de Sakura e Ipê do Brasil, e em agosto acontecerá a 32ª edição da festa. Neste último sábado (08/05), o Parque do Carmo recebeu 60 cerejeiras, resultando em um total de 800 novas árvores plantadas desde abril. O Parque do Carmo possui hoje mais de 1.500 exemplares das especies yukiwari, himalaia e okinawa.

Contudo, quem espera do parque uma estrutura semelhante a do Ibirapuera pode se decepcionar. Seja por sua imensa extensão ou pela má administração, o fato é que o parque hoje tem muitos brinquedos quebrados, a grama não é muito bem cuidada e o sua ampla áreas fechadas e inexploradas é um perigo para quem gosta de percorrer trilhas. Mas não se assuste, pois o Parque do Carmo ainda é um dos mais incríveis da cidade, não só por suas atrações multiculturais, mas também para você, paulistano, que deseja apenas respirar um pouquinho de ar fresco nesta imensa metrópole. Já para mim, o parque sempre será o local aonde eu posso encontrar a menina-moleca que se perdeu em trabalhos e tarefas.

O Parque do Carmo está localizado na Avenida Afonso de Sampaio e Souza, 951.

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Se essa rua fosse minha…

Quanto vale uma rua em São Paulo? Walter Mancini, senhor absoluto de uma

Localize-se

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ruazinha no centro da cidade, sabe a resposta. Dono de 5 restaurantes e de uma galeria de artes na Avanhandava, ele foi responsável por toda a reforma da rua, da troca do asfalto às luzes que dão um ar europeu ao lugar.

Em cada um de seus restaurantes, uma peculiaridade: enquanto a tradicional Famiglia Mancini conserva a aparência das tradicionais cantinas italianas, o Walter Mancini Ristoranti encanta com o seu tom sofisticado e com um bar de dar inveja a qualquer outro estabelecimento. Há ainda a Pizzaria Famiglia Mancini, sempre com suas filas enormes, o Jeremias, O Bar, inspirado no personagem de Ziraldo e com quadrinhos por toda a parede e a Central 22, que vai além das lanchonetes convencionais, complementando a diversidade gastronômica da rua Avanhandava.

Mas se você ficou com água na boca, um aviso: prepare o bolso. Todas essas delícias culinárias em ambientes incríveis não vão sair por menos de R$ 100,00 – fora couvert, estacionamento e etc, afinal não nos esqueçamos que ainda estamos no centro da cidade, em uma das regiões mais perigosas de São Paulo.

Mas não na rua dos Mancini, que parece ter construído seu cantinho de paraíso, para a sorte e, aos mesmo tempo, pesar dos moradores da ruazinha: “Eles trazem beleza e segurança pra cá, mas é como se eu morasse de favor no meu apartamento, não tenho direito nem de estacionar o carro”, relembra Maria da Penha, moradora de um prédio no final da Avanhandava.

Entre os prós e contras, o fato é que Walter Mancini criou uma rua à parte de todo o centro, transformando-a em mais do que uma referência gastronômica, um ponto turístico.

E sinceramente, vale a pena conferir. 😉

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O Sagrado Coração do Paissandu

Eu vou falar uma coisa pra vocês: não tirem foto aqui não, porque senão vocês vão levar o demônio pra casa. Silêncio. Foi assim que um dos presentes na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu, se dirigiu a nós enquanto fotografávamos o local. O fato inusitado é um dos muitos exemplos que podem ser enumerados, o local já é um deles: frente ao Cinema Pornô e à galeria do rock, principal ponto de encontro de diversas “tribos” da cidade.

O cenário não poderia influenciar mais a igreja e suas atividades religiosas. Aos sábados não há missas e a porta fica trancada, isso porque é o dia de maior movimento na Galeria.  Freqüentemente, grupos de punks e da torcida organizada do São Paulo—  Independente —ficam em frente ao local.

Os muros são pichados com símbolos e palavras subversivas. “Punk” é uma das poucas que podem ser identificadas nas paredes, o que não deixa de ser incomum quando comparado a outros templos religiosos.

A segurança da igreja para protegê-la de atos violentos, tanto por parte de punks quanto de outros grupos, é também algo notável. Todas as janelas contêm grades na parte de dentro e os cofres para donativos não são simples caixas, mas locais reforçados de puro ferro.

Mais diferenças logo nos chamam a atenção, como a caixa de sugestões rabiscada a caneta com números indecifráveis, as paredes e o teto decorados com tal diversidade de cores opacas que contrastam com o comum cenário sóbrio das igrejas católicas. Há presença de grande quantidade de santos: Santa Edwiges, São Benedito, Santo Antônio, Nossa Senhora da Rosa Mística, Santo Expedito, São Francisco de Assis, além da imagem de Jesus (que em um dos seus detalhes, aparece com cabelos semelhantes a mechas naturais).

O público presente na missa das 18 horas durante os dias de semana é variado, formado por pessoas idosas – que ainda são maioria- mas também há jovens que rezam fervorosamente. Um dos presentes rezava mais alto que o próprio padre. São pessoas simples, algumas estavam de passagem, entram para fazer sua prece, ficam alguns minutos, depois saem. Entram alguns mendigos, que em meio à vida de dificuldades e descrenças encontram um momento de fé, seja dentro da igreja ou na porta de entrada, como se aquele mundo ainda estivesse limitado, um tanto proibido para eles. Foi de um deles que ouvimos a frase inicial.

Em meio a esse clima marginal com as pichações e rabiscos, um piano e alguns lustres dão um aspecto clássico que remetem a usual ornamentação das igrejas.

A Igreja está localizada no Paissandu desde 1906, quando foi deslocada da Praça Antônio Prado devido a expansão do comércio na região. A Irmandade Nossa Senhora dos Homens Pretos existe desde 1711, construída pelos negros proibidos de ir às igrejas dos brancos para que pudessem freqüentar os atos religiosos.

Ainda sobre os fiéis, Maria Angélica (uma das coordenadoras do local) explica: “Como é uma igreja no centro, as que mais freqüentam são pessoas que trabalham na região. As atividades da irmandade acontecem só no final de semana”. Quando o assunto é referente ao público da Galeria do Rock, Maria é categórica: “Nós temos uma série de mendigos na praça além do pessoal da Galeria do Rock, que são assim, uma coisa fora de série. Então é aqui que eles vêm se reunir, na porta aqui da Igreja e por isso a porta é fechada”.

O número de assaltos é alarmante. “Nós já vimos não só brigas como mortes. Tem de tudo aqui: drogas, baixaria, tudo. Há quatro anos estamos nos esforçando para acabar com isso. Nosso plano é cercar a igreja com grades, já pedimos para a prefeitura, mas entra ano e sai ano, continua do mesmo jeito porque o Kassab prefere tirar outdoors, que é mais fácil do que fechar uma igreja. Então fica complicado. É assalto a cada dois minutos.”

O local que representa a resistência dos negros, hoje também pode ser visto como ambiente de contrastes, um ponto de alívio em meio ao movimentado centro da cidade. Tanto espiritualmente como socialmente, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos promove a aproximação de pessoas de diferentes realidades sociais unidas apenas pela fé.

**Texto de Luciana Reis

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Galeria das galerias – literalmente

O Centro Comercial Grandes Galerias, mais conhecido como Galeria do Rock, completa no mês de junho 47 anos com prestigio e com um público jovem. Mas quem conhece hoje a Galeria do Rock não imagina as transformações desde que esta foi fundada, em 1963. As lojas eram ocupadas anteriormente por alfaiates e camiseiros, e passou ainda por diversos momentos históricos junto com o centro velho de São Paulo. Hoje, a Galeria serve de encontro para as mais diversas tribos, não somente de rockeiros, mas também de rappers, skaytistas, clubbers, e etc.

Ainda assim, não há como negar a influência do rock na construção de uma alma roqueira da Galeria. Atualmente existem mais de 45 lojas de Cds e Vinis exclusivos do gênero, além de lojas com roupas sob medidas só encontradas lá, mais de 22 estúdios de tatuagem e piercing e acessórios dos mais variados.

Entre seus 6 pavimentos, a Galeria do Rock já passou por muitos momentos, e como não poderia deixar de ser, muitas brigas. Também pudera, o que esperar de um lugar que reúne punks, góticos, skinheads, emos, grunges, hards e os mais diversos estilos de roqueiros? Entretanto, as brigas tornaram-se cadas vez mais raras com o reforço de mais seguranças, espalhados em cada andar, além da iluminação de5.650 lâmpadas que dão ao lugar uma cara de Natal permanente e são interligados por escadas rolantes.

Ao longo dos anos têm palco de muitos shows , além de receber diversos convidados ilustres, nacionais e internacionais, como o Iron Maiden, Mudhoney, Donita Sparks, Ozzy Osbourne, Raul Seixas, dentre muitos outros.

Enfim, é difícil descrever essa magia de cores e os seres estranhos que freqüentam e enfeitam a Galeria do Rock. Para entender o motivo de seus 47 anos de sucesso, é necessário comprovar de perto as maravilhas e surpresas que o lugar reserva.  A Galeria está localizada na rua 24 de Maio, nº 62, entrada também pela Av. São João, em frente ao Largo do Paissandu.

Imagem da galeria do rock, no Lgo do Paissandu

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O Mercado Municipal, de outro ângulo

O Mercado Municipal em um dia de semana

O Mercado Municipal aparece muito na imprensa. Entre sanduíches de mortadela e pastéis de bacalhau, o prédio imponente que abriga e, ao mesmo tempo, isola os produtos sortidos do mercado do resto da cidade de São Paulo tornou-se símbolo da variedade comercial paulista. Acima de tudo, o Mercadão traduz um sentimento de tradição e fartura que é igualado por muito poucos outros centros comerciais no Brasil. Até mesmo os comerciantes sentem o impacto de estar em um tão variado centro gastronômico.
Fundado em 1933, o Mercado Muncipal foi inaugurado já do jeito que é conhecido até hoje: com seus mais de doze mil e seiscentos metros quadrados, arcos imponentes e movimento mercantil inigualável. O ano de 2008 marca em especial uma conquista para os comerciantes do Mercado: há exatos setenta e cinco anos, nascia pelas mãos da prefeitura de São Paulo o primeiro mercado público da cidade. E desde então ninguém conseguiu se afastar do tal palácio.
Sérgio Gonçalves Pacheco, 81, comercia dentro das paredes do estabelecimento desde 1945. Ele, mais do que ninguém, pode mostrar como se desenvolveu o Mercado Municipal. Sua atual banca é herança do pai, Clemente Pacheco, que esteve presente durante a inauguração, às margens do rio Tietê. O comércio fluvial era a vantagem da época, lembra. Em 1944, quando o pai faleceu, Sérgio recebeu com seus irmãos os direitos sobre a pequena mercearia que gere até hoje.
Que ninguém se deixe enganar pelo tamanho, no entanto: a lojinha é um dos grandes destaques de variedade do Mercadão. Queijos, vinhos, temperos dos mais variados, produtos frescos e condimentos imperecíveis, tudo está na banca do Pacheco. Desde que o pai veio para o estabelecimento, depois que a prefeitura completou o projeto de sete anos do Mercado Municipal de hoje, a mercearia de Pacheco presenciou todo tipo de situação incomum e adversa, como a grande falta de produtos suínos nos anos 70, mas a história de sucesso da família veio do longínquo ano de 1912. Na época, Clemente Pacheco comprou uma pequena vaga no então Mercado Municipal, conhecido como Mercado dos Caipiras, e conduziu os negócios até a mudança. O alvará de Pacheco, manchado pelo tempo e por uma ou duas manchas de gordura, comprova o que o homem fez, em português arcaico.
Nem tudo é cor-de-rosa, no entanto. Sérgio faz sempre questão de comentar com saudosismo a época de ouro do comércio local do estabelecimento. “O Mercado sempre foi movimentado, mas melhoraram o mercado, pintaram, reformaram, e agora o pessoal vem aqui ver”, ele reclama, referindo-se à falta de interesse pelos produtos.
Sérgio, contudo, é um velho comerciante que está para se aposentar. Não surpreendente, está encaminhando o projeto para as três filhas, e diz que o problema das vendas é agora da próxima geração. Ele agora pensa em descansar e, quando der na telha, visitar o Mercadão para um passeio.

Sérgio Golçalves Pacheco, 81, em sua loja de sortidos.

Andando para o lado menos charmoso do Mercado, aquele das carnes e produtos crus, a geração que entra para trabalhar como comerciante não pode dizer o mesmo. Luciana Gomes, 38, é uma dos muitos que receberam a incumbência de continuar os negócios da família. Na gerência da Distribuidora de carnes Cantareira, a vendedora divide o tempo entre o açougue que lidera e a vida familiar. Sua loja é antiga: tem 40 anos de existência, e, como no caso de Sérgio, era do pai, Luiz Rui Gomes.

Ao morrer, o pai igualmente deixou uma parte de seu legado mercantil para cada filho, mas a esposa vendeu o estabelecimento para um concorrente da época. Foi com muito esforço que Luciana eventualmente recomprou o espaço para comerciar no Mercado, e assim adquiriu uma vasta experiência na vida do comerciante do local.
O que ela revela lembra muito do que disse Sérgio: o Mercado mudou muito, sem dúvida. Sua origem cerealista foi substituída pelo turismo, inflado principalmente pela prefeitura.
O grande segundo andar construído pela prefeitura em madeira para dar um ar cênico à experiência, comprova o que diz Luciana. Ela gosta de citar particularmente o caso do abastecimento por caminhões, que, ao contrário do passado, não podem mais parar nas redondezas durante o dia, e têm que descarregam o produto para as vendas às quatro e meia da manhã.
“A venda tradicional caiu muito”, confessou. Ela explicou que, para a grande maioria dos comerciantes, o Mercado simplesmente não tem mais infra-estrutura suficiente para comportar a demanda da cidade. O estacionamento (e ela frisa: sempre o estacionamento) é a maior das brigas com a prefeitura. Por mais de trinta anos, a Associação da Renovação do Mercado Paulistano (RENOME) discutiu constante com o prefeito para expandir a área disponível para os carros dos consumidores. Não deu em nada. Segundo Luciana, a questão já foi tão procrastinada que existem algumas famílias transferindo a responsabilidade da reforma para a terceira geração, depois de mais de tantos anos de demora.
Outros assuntos surgem no quesito “reforma” quando questionada: “É normal passar o ‘box’ de geração em geração”, ela diz, explicando que o cuidado com o Mercado é uma coisa dos comerciantes. “Antes, o mercado municipal era feinho, era um mercado de quantidade”, ela continua, “não tinha vigilância sanitária, e quando ela aparecia era uma vez por ano, no Natal, e olhe lá!”. Hoje, ao contrário, Luciana diz que a vigilância é forte e constante, até mesmo entre os próprios membros da RENOME, que cooperam com a Secretaria Municipal de Abastecimento para garantir a higiene e a saúde do Mercadão sempre impecáveis.

O prédio “Treme-treme”, ao fundo, poderia resolver o problema do estacionamento.

Como Sérgio, Luciana também sentiu o peso dos anos sobre a força comercial do Mercado: em 1980, quando o pai atingia o pico das vendas, o açougue da família chegou a vender, em média, cem peças de porco por dia, fora as partes menos nobres do animal. Hoje, ela mostra uma vendagem de carnes bem menos admirável: cento e vinte peças em uma semana inteira de trabalho, das quatro da manhã às seis da tarde, seis dias por semana. Certamente, ela prefere a época na qual todas as lojas sob os arcos do Mercado eram feitas de mármore de Carrara. Antes da chegada dos supermercados.

“Os supermercados? Hoje em dia, a concorrência do supermercado é um problema sério”, ele diz. “A maior vantagem do supermercado é o estacionamento”, Luciana pensa, e explica que o espaço para carros permite aos compradores uma mobilidade muito mais cômoda que no Mercado Municipal. Exatamente como pensa Sérgio e a maioria dos comerciantes, para efeito de contagem. As alternativas criadas pelos vendedores para combater a concorrência feroz da economia de massa foi adotar o sistema de entregas a domicílio, que, mesmo com sua força, não dá conta de recuperar o fôlego dos velhos tempos.

Solução real? A construção de um estacionamento: “A gente já fez a proposta de derrubar o ‘Treme-treme’ aqui do lado [um prédio aos pedaços que permanece em pé, bem ao lado do Mercado], mas a prefeitura não deixa. Ela prometeu fazer uma passarela até o estacionamento do antigo prédio [da prefeitura, localizado na outra margem do Tietê], mas até agora não aconteceu nada”. A RENOME, diz ela, está totalmente nas mãos do governo para reformar o local.

Os corredores do Mercado ficarão mundialmente famosos pelo trabalho da prefeitura.

“O Mercado, mudou muito o público”, eles disseram, lembrando da época das vendas por atacado, coisa do passado. O turismo, dizem eles, tomou conta, e agora quase chega a ser comum ver mais gente falando inglês do que o povo paulistano em algumas épocas do ano. “O que vende mais hoje é a lanchonete, no segundo andar. A chefe aqui [Luciana], ela tem uma noção de porcentagem, disse que o açougue caiu mais de 70%”, Adelson explica.
Parando para falar com quem entende mais sobre o Mercado, a impressão que se tem é que, desde a fundação, o estabelecimento foi guiado por uma ordem: tradição. Entre as ruas e ruelas que ligam todas as lojas, o que fica no imaginário do visitante é que, mesmo em meio a tanta história, o gosto pela diversidade culinária encontra espaço para se renovar com o povo paulistano.
Certamente, com tantas histórias correndo pelas ruas do Mercado, setenta e cinco anos poderia parecer muito tempo, mas, andando pelos corredores e lojas diferentes, a impressão é a de que tudo está como deveria estar. Que os vendedores encontrem o caminho da renovação neste ano tão importante para o Mercado, e que mais alguém tenha a honra de escrever sobre os cento e cinqüenta anos do estabelecimento.

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